quinta-feira, 23 de setembro de 2010

De cabeça mole

A gente vive e morre e nem se conhece! Foi o que pensei em um dia desses em que se está com a cabeça mole. Considerei subitamente que eu podia estar no trem errado, indo para a direção contrária. Espiei-me do pé à cabeça e quase soltei uma gargalhada. Vi como numa projeção, todas as minhas andanças diárias e perguntei-me, engasgando as palavras com risos diante do ridículo, para que diabos eu fazia tudo aquilo.

Considerei que aquilo era a eterna espera, não tendo eu nascido para esperas. Não, eu não nascera para os jogos demorados, as estratégias extremamente elaboradas. Nem para as meias palavras, nem para os amores medidos. Era covardia. Podia ser. E que mal haveria em ser covarde? Considerei que antes fosse um covarde!

E o caminho dos covardes era a estrada. Durante muito tempo me pareceu que para a estrada iam os fortes; jamais me passara que era o caminho dos covardes. Sim, para que os tédios, as esperas, o amanhã, os dias gastos ao sol escaldante para que fossem pagos os dias à sombra? Estar na estrada significava fugir do tédio, não do aborrecimento, mas do tédio, que não é outra coisa senão espera. Uma espera por nada e sem qualquer sentido.

Considerei que um dia eu pegaria a estrada. E visualizei-me a caminhar pelo globo, vendo as coisas diferentes, a vida pulsando... e constatei que voltar seria complicado. Sim, de que adiantava cair na estrada se ao cabo tudo voltaria ao mesmo?! Considerei que a liberdade era o bem que maior me reluzia no horizonte. A chave que me libertaria da espera. Sim, era isso! Era largar-se na estrada para nunca mais voltar! Redenção! Nenhuma lembrança! Sem passado, sem qualquer condicionamento! Ah, deixar tudo para trás!  Largar-se no mundo! Para nunca mais voltar...

terça-feira, 21 de setembro de 2010

sexta-feira, 10 de setembro de 2010