quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Evangelho segundo sua própria teoria

Não é por menos que algumas doutrinas religiosas afirmam ser o orgulho o pai de todos os impeditivos à evolução humana, pregando a humildade como forma de se alcançar o verdadeiro aprendizado que conduzirá a uma condição cada vez melhor.

O maior dos males do homem seria acreditar ser o grande possuidor de toda a verdade sobre tudo, ser o centro e não apenas uma parte do todo. A arrogância conduziria à ignorância e à estagnação e, conseqüentemente, ao sofrimento.

De fato, só é possível melhorar quando, num ato humilde, o ser percebe em si uma fraqueza, a aceita e busca superá-la. Para isso ele precisa de ajuda. É este o princípio da psicoterapia. Só é possível a cura, quando o paciente reconhece o seu mal, o aceita e procura o psicoterapeuta, posta-se diante dele e pede ajuda. De nada adiantará ele ser conduzido e pressionado externamente. Terá que partir do seu íntimo a iniciativa de querer a transformação.

Mas o que seria necessário para o indivíduo alcançar essa resolução de que precisa mudar? O sofrimento. Senão único, é o meio mais eficaz para que a mudança ocorra. Algumas pessoas parecem permanecer num estado de intranqüilidade. Mas a observação dá conta que o nível dessa intranqüilidade não é o suficiente para que ocorra essa mudança. Mas em algum momento, não se sabe quando, o será. Voltar-se contra as leis do universo é voltar-se contra si próprio; é dar murro em ponta de faca.

Não é possível fugir da verdade; a sujeira escondida debaixo do tapete um belo dia aparecerá. E depois de muito tempo escondida, só causará maiores dissabores. Melhor encará-la de frente logo. Assim, reduz-se o tempo do sofrimento. E como está mais do que claro que este texto está todo com ares de evangelho, termino-o com nada mais que uma frase do mesmo: Conheceis a verdade e a verdade vos libertará!