domingo, 10 de novembro de 2013

Dedicada aos amigos

Uma é coisa é fato nesta vida
Quem tem amigos, tem tudo!

Existem vários tipos de amigos
Os mais íntimos
Que quebram grandes galhos
Há também os parceiros de bar
E horas vagas

Todos são importantes

As pessoas enriquecem
Quando uma com as outras
A comunicação é ferramenta
De evolução

Para se conquistar amizades
A fórmula gira em torno
De carisma, de franqueza
De humildade
De vontade de viver!

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Sobre prazer

O prazer nasce livre
E espontâneo
Não vinga se obrigado
Nem mesmo se esperado
Não pode ser dado
Mas obtido
E aquele aqui sentido
Reproduz-se do outro lado

O prazer é, sobretudo
Uma experiência individual

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A propósito de uma passagem

Quando mudei-me de volta para a capital, estabeleci-me por dois meses na casa de um antigo colega de andanças até arranjar-me em definitivo. Era uma espécie de porão espaçoso no alto de um morro com vista para uma baía.

Esse meu camarada, apreciador de vinhos, também sabia apreciar a boemia. Era companheiro de cachaçada e a nossa palestra era viva e animada. Em que pese algumas diferenças no modo de ser, ele um tanto grosseiro, eu um pouco mais refinado, sem qualquer distinção de valor nessas características, tínhamos em comum o gosto pela filosofia. Não essa filosofia cursada, de academia, mas a filosofia de botequim, aquela que nasce espontânea da observação despretensiosa.

Nesses dois meses passaram pelo leque de assuntos temas interessantes da política, economia, religião, comportamento humano, em especial da psique feminina.

Ao fim desse período, arranjei moradia definitiva e vim-me embora. Coincidiu de ele também mudar-se, algumas semanas depois da minha saída, no entanto para outra cidade.

Desabitamos o porão e creio que o que ficou desses dois meses de debates, a maior parte das vezes, regados com um toque de humor, foram duas coisas. A primeira, foi uma certa consolidação de alguns conhecimentos no repertório de cada um. A segunda coisa que ficou, constatamos quando fui ajudá-lo com a mudança. Depois de retirar a tralha toda do habitáculo, deparamos com quase cinquenta garrafas de vinho vazias, acumuladas debaixo da pia.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

O fenômeno da solteirice nos tempos atuais

Percebe-se que há hoje no nosso meio social uma grande incidência de solteiros, ou que pelo menos assim se declaram, e, não seria demais ariscar, até mesmo a presença de um certo culto pela solteirice. Uma legião de homens e mulheres adultos e independentes vivendo sozinhos. 

Para entender esse fenômeno, é importante compreender algumas modificações comportamentais e de valores que têm ocorrido na nossa sociedade em especial nos últimos cinquenta anos.

É uma tônica das últimas décadas no que concerne a qualquer tipo de relação interpessoal a busca e a valorização da independência, liberdade e individualismo. Prova disso são os reflexos no setor imobiliário, como a busca por apartamentos compactos, de um dormitório. Palavras de ordem da modernidade, liberdade e independência soam fascinantes em discursos das mais variadas causas. 

Nessa busca, muitas conquistas foram alcançadas no âmbito dos relacionamentos. Muito embora não se possa analisá-las isoladamente sob o aspecto do gênero, é evidente que essas mudanças ocorreram de forma muito mais acentuada em relação às mulheres. E chegamos num assunto recorrente nos debates comportamentais dos dias de hoje: a tal independência feminina. Não obstante o assunto aqui tratado envolve muitas questões distintas, é comum a discussão sobre relacionamentos nos dias de hoje, em algum momento, esbarrar nesse ponto.

Os diversos aspectos da independência feminina tem como carro-chefe a independência financeira. A partir do momento em que a mulher independe do homem para sustentar-se, ela passa a desenvolver e expressar sua personalidade a partir da experimentação e da escolha, passando a ter, portanto, uma postura mais ativa.

Essa atitude feminina ainda hoje afugenta uma grande parcela da ala masculina, de forma que poderia se dizer causar sim uma certa dificuldade na realização afetiva não apenas da mulher, mas de forma geral. O homem da velha guarda não lida bem com a idéia da mulher caçadora, que, por exemplo, num primeiro contato toma a iniciativa de abordá-lo ou convidá-lo para sair.

Mas para além desse aspecto, e de forma mais intimamente relacionadas com a questão, estão as rápidas mudanças em todas as esferas da vida social, influenciadas, por exemplo, pelo consumismo. Vivemos uma era em que tudo se consome e a qualquer momento podemos trocar um bem por outro que nos traga mais satisfação. Esses bens da modernidade, as facilidades dos meios de comunicação, as redes sociais, o sexo fácil, parecem deslumbrar. E esse padrão dos bens de consumo passa a ser aplicado ao amor. É o conceito do "amor líquido".

Essa noção é relevante para o assunto aqui tratado, na medida em que modifica o padrão dos relacionamentos, tornando-os instáveis ou até mesmo transformando-os no popular "rolo", em que a pessoa declara-se solteira mesmo tendo alguma espécie de relacionamento.

Todos esses elementos recentes tratados nesse texto aliam-se ao não tão recente medo de amar, de que fala Raul Seixas e talvez o tornem maior ainda.

Se nos perguntarmos, ao final das contas, se com todas essas mudanças que contribuíram para uma legião de solteiros, qual seria o saldo, se teríamos evoluído para um caminho melhor, talvez o saldo, por ora, seja nulo. Se por um lado estamos mais exigentes, deixando de nos relacionar com alguém apenas por convenção, por outro lado parece que ainda não conseguimos equacionar algumas questões.

Talvez vivemos uma época de mudanças, em que a próxima era nos dará algumas respostas. Talvez quando passar o deslumbramento inicial de algumas conquistas veremos que ainda faltará algo. Talvez quando os homens perceberem que as mulheres são mais belas quando livres e quando compreendermos que toda espécie de relacionamento tem seus ônus e bônus e de que não podemos lutar contras as adversidades do destino sozinhos, sem companheiros de vida, aí poderemos sim, quiçá, ter um saldo positivo.

sábado, 3 de agosto de 2013

Chorinho

Tenho por hábito ao pedir ao barman uma dose simples de um destilado qualquer, solicitar, por favor, que faça a fineza de servi-la com chorinho. O chorinho consiste em derramar a bebida no copo de forma a dar uma considerável transbordada no dosador de 50 mililitros. Não que peça sempre. De quando em quando. Mais comumente quando estou repetindo a bebida. E desde que o sujeito que está a me servir inspire-me um mínimo de simpatia. O fato é que me comove ver o barman servir a dose com generosidade. Acho bonito o gesto.  

Poderia discorrer aqui sobre uma séria de razões, para além do ato puramente gratuito, que fariam por merecido o tal chorinho. Poderia argumentar que sendo eu um sujeito simpático e não um bebum ranzinza, e tendo já consumido algo no bar, poderia falar também que alguns militros a mais no copo não desfalcam o bar, dada a grande margem de lucro em vender uma garrafa de bebida de forma fracionada... Mas vou dispensar o entendimento. O fato é que é bonito. Servir com chorinho é um gesto bonito.

sábado, 20 de julho de 2013

Patrimônio

As memórias são o maior patrimônio que um homem pode ter acumulado durante sua trajetória. Prova cabal que lhe dá a certeza de ter experimentado viver, elas se constituem num bem inatingível. Não pode ser roubado, nem deteriora como a madeira, o ferro e o valor monetário. De algum modo, nem o Alzheimer pode comprometê-las. Quíçá nem a morte. Sim! Decerto sobrevivem à morte! Se elas tem o condão de revivificar tudo o que está morto! A vida se refaz nas memórias.

O que será de um homem sem memórias?

E se me disseres que nem toda memória é boa, ou que ao abrir o baú poderei deparar-me, por exemplo, com a saudade, digo-lhe que ainda é preferível tê-las. E como dizia o poeta, "ter saudade até que é bom. É melhor que caminhar vazio".

domingo, 23 de junho de 2013

Vigor de híbrido

Aí está um termo que me faltava. Soube-o em palestra animada com um velho colega de filosofias. Eu argumentava que a miscigenação melhorava as pessoas, deixando-as mais belas, quando ele, corroborando tal entendimento, complementou-me fazendo uma analogia a um termo estudado na agronomia. O tal vigor de híbrido.

Na agronomia, o vigor de híbrido se manifesta em plantas oriundas de cruzamentos de diferentes linhagens, garantindo um melhor crescimento e resistência. O mesmo pode se aplicar no caso dos animais oriundos do cruzamento de diferentes raças.

Ao contrário do que previam algumas teorias racistas, a miscigenação parece ir selecionando as características positivas de cada raça, tornando os seres mais resistentes e mais belos. É como se os traços físicos da escultura fossem sendo lapidados. Se a mulher brasileira é bonita, é porque é negra, e branca, e índigena, e portuguesa, e espanhola, italiana e alemã, holandesa, francesa, inglesa, e por aí vai...


segunda-feira, 13 de maio de 2013

Como as coisas funcionam

Nasci curioso e bisbilhoteiro
Com a paixão pelo conhecimento
E amante da verdade
Aprender é meu vício

Conhecer as leis maiores
É como dançar conhecendo a música
Posta a tocar
É  como velejar Sabendo a direção do vento

Compreender como as coisas funcionam
Só faz perceber
Como a criação é perfeita
Uma obra de arte!

domingo, 14 de abril de 2013

Dança da vida

Para entrar nessa dança
É preciso atitude
Atitude é o ímpeto
Que faz acontecer

Também é preciso firmeza
A mesma firmeza que permite
Segurar um pássaro nas mãos
Sem sufocá-lo

Decisão também
Pois a dúvida não dança
Vacilar é cair do cavalo
Perder o trem

E saber o momento
Em que é preciso agir
O único e fugaz momento
Em que o alvo se expõe na mira

É preciso sobretudo
Compreender a música
Que foi posta a tocar
Aceitá-la
E entrar na condução


segunda-feira, 25 de março de 2013

Morena pequena


morena pequena
em sua falsa magreza
nega de branco
de saia
suada do samba
no salto
a desfilar com leveza
a meiguice das suas curvas

eu paro, mudo
e detenho-me
com os olhos namoradeiros
apenas para ficar te vendo

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Tudo o que podia ser feito


Não sei até onde vou
Penso que cuido-me demais
E por cuidar-me tanto
Acabo por descuidar-me

Mas ao fim da jornada
Vou poder estufar o peito
E dizer com convicção
Fiz tudo o que podia ter feito

Estive lá
E teimei em cair
Feito bambu
Que o vento balança
Mas não derruba

Fui duro na queda
E repeti os erros
Mas assim havia de ser
Não havia como ser diferente
Não havia como não ser diferente

Não me arrependei
Das coisas que quis ter feito
E das coisas que quis provar
E assim não julgarei
Que podia ter feito algo mais
Quando fiz tudo o que podia ser feito

domingo, 20 de janeiro de 2013

Diamante

Nós somos um diamante
Que o tempo vai lapidando
Um instrumento musical
Que o músico vai afinando

E a gente fica sabendo mais das coisas
E mais de si mesmo