quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

O Evangelho segundo sua própria teoria

Não é por menos que algumas doutrinas religiosas afirmam ser o orgulho o pai de todos os impeditivos à evolução humana, pregando a humildade como forma de se alcançar o verdadeiro aprendizado que conduzirá a uma condição cada vez melhor.

O maior dos males do homem seria acreditar ser o grande possuidor de toda a verdade sobre tudo, ser o centro e não apenas uma parte do todo. A arrogância conduziria à ignorância e à estagnação e, conseqüentemente, ao sofrimento.

De fato, só é possível melhorar quando, num ato humilde, o ser percebe em si uma fraqueza, a aceita e busca superá-la. Para isso ele precisa de ajuda. É este o princípio da psicoterapia. Só é possível a cura, quando o paciente reconhece o seu mal, o aceita e procura o psicoterapeuta, posta-se diante dele e pede ajuda. De nada adiantará ele ser conduzido e pressionado externamente. Terá que partir do seu íntimo a iniciativa de querer a transformação.

Mas o que seria necessário para o indivíduo alcançar essa resolução de que precisa mudar? O sofrimento. Senão único, é o meio mais eficaz para que a mudança ocorra. Algumas pessoas parecem permanecer num estado de intranqüilidade. Mas a observação dá conta que o nível dessa intranqüilidade não é o suficiente para que ocorra essa mudança. Mas em algum momento, não se sabe quando, o será. Voltar-se contra as leis do universo é voltar-se contra si próprio; é dar murro em ponta de faca.

Não é possível fugir da verdade; a sujeira escondida debaixo do tapete um belo dia aparecerá. E depois de muito tempo escondida, só causará maiores dissabores. Melhor encará-la de frente logo. Assim, reduz-se o tempo do sofrimento. E como está mais do que claro que este texto está todo com ares de evangelho, termino-o com nada mais que uma frase do mesmo: Conheceis a verdade e a verdade vos libertará!

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Dispensando os guias

Depois de deixar a roupa na lavanderia, caminhei do centro de Buenos Aires até o Cemitério da Recoleta, no bairro de mesmo nome. Cheguei na porta do cemitério às 15:25. Havia uma visita guiada gratuita para às 16hs. No entanto, resolvi ir caminhando e consegui chegar até onde Eva Perón está sepultada, em parte por indicaçao de um funcionário do local e em parte seguindo o murmurinho dos turistas, grande parte brasileiros. Fiz algumas poucas fotos, sem explorar muito, porque a bateria da câmera estava para acabar. Sentei-me um pouco para relaxar e contemplar, mas apareceram mais brasileiros e fui com eles procurar novamente o tal túmulo famoso.

Ao retornar na porta de entrada, faltavam dois minutos para as 16:00hs e havia algumas pessoas aguardando a visita guiada. No entanto, começava uma garoa e a guia informou que se houvesse chuva a visita nao aconteceria.

Resolvi ir ver outras coisas e sai andando pela Recoleta em busca da floralis generica, a famosa flor de aço que se abre e fecha, dependendo da hora do dia. No caminho, encontrei mais brasileiros. Desta vez, com grande coincidência, catarinenses, com 60km de diferença.

A Plaza de Las Naciones Unidas, cuja a flor esté em seu centro, é um gramado extenso, com algumas árvores nas bordas, sob as quais há alguns bancos, sempre com vagas e poucas pessoas. Ideal para relaxar, ler um livro ou namorar.

Voltando da Recoleta, ao perguntar para um nativo, de headphones, visivelmente bem instruído, qual ônibus deveria pegar para voltar ao centro, iniciamos uma comunicao. Ao perguntar o que caracterizava a Recoleta, contou-me que era um bairro tradicional de Buenos Aires, fundado por volta de 1870, por familiares ricos que vivam no bairro San Telmo, mas que decidiram se mudar para o novo local porque acreditavam que era mais fácil contrair febre amarela residindo num bairro próximo ao porto, como é San Telmo.

Talvez essas informaçoes estejam nos guias. Mas nao gastei um centavo e achei muito mais curioso uma pessoa do próprio local me contar a história. Essa interaçao propicia conhecer muito mais a fundo o lugar. E depois, por que náo perguntar âs pessoas locais? Eles sao tao atenciosos e prestativos! E sempre depois que prestam as informaçoes saúdam-nos calorosamente com expressoes como suerte, e passe bien, ou cuida-te!

sábado, 16 de julho de 2011

Dor da natureza

A natureza fez a mulher mais resistente à dor. Todo mês a mulher não apenas chora, mas sangra. É a dor da natureza por não ter acontecido o que ela pretendia:.gerar um novo ser.

domingo, 5 de junho de 2011

A beleza do charme

O que é da beleza sem o charme? Uma mulher bela sem charme é igual a uma comida sem tempeiro.

O charme perfeito de uma mulher está no olhar e no sorriso, quando denotam a mistura exata da inocência da menina com a malícia da mulher.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

No consultório de psiquiatria

Na sala de espera, a maioria esmagadora eram as mulheres. Mulheres constituídas; uma boa parte na faixa dos 40-50 anos; talvez um tanto sofridas, calejadas da vida.

Uma senhora sentada na ponta do sofá, encolhida em sua obesidade, sofria visivelmente.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Flor

Flor exótica e exuberante
Teu esplendor é cativante
Tão nobre no meio deste imenso deserto
Como a água pura e cristalina

No meio do deserto, te encontrei de passagem
E detive-me a apreciar tuas lindas pétalas
E não sei porque segui viagem
Carregando nos olhos tua doce imagem
Para sempre.

domingo, 13 de março de 2011

quinta-feira, 10 de março de 2011

Sobre a mulher

Embora a ciência não desista de tentar explicá-la, reside na alma feminina mais coisas do que poderia caber no universo todo. Há verdades sobre a mulher que não são conhecidas. Há verdades sobre a mulher que ela mesmo desconhece.

No entanto, a velha e mesmo a nova literatura comportamental atribui à mulher um conceito da forma que lhe convém. Que convém aos literatos e à mulher. E esta última adota o conceito apenas para ter um.

Eu não me demoro aqui; mais algumas linhas e estaria da mesma forma a tentar descrevê-la. E passaria da conta. As grandes coisas se dizem em poucas palavras. Enfim, tentar compreender a alma feminina é um esforço inútil e frustrante. E assim há de ser. Pois é no mistério que reside o encanto, sendo que algumas verdades não nos é dado conhecê-las. Só nos resta adorá-las. Nada mais!

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Um iceberg

Olho para a imensidão de água calma e silenciosa. E consigo ver em algum ponto uma formação de gelo que emerge da água. Esse ponto causa-me frio. Um frio de leve, mas constante. A mesma sensação de estar equilibrando na palma da mão uma adaga pela ponta de sua lâmina. Ela é suportável, mas não a sua permanência. É preferível qualquer outra situação, mas não o eterno equilíbrio da adaga pela mão.

Sei que o bloco de gelo é bem maior do que consigo avistar. Ele se esconde nas profundezas da água. Toda a sua raiz jaz bem profundamente no oceano. Como vive escondido, é a eterna ameaça. É a adaga que pressiona, com o seu peso, a palma da mão.

Quero vê-lo, senhor Iceberg! Quero conhecê-lo, quero vê-lo em toda a sua dimensão, em todo o seu detalhe. Quero ver a sua raiz e onde você se agarra com ela. Quero sentir todo o frio que carrega em si, tão penetrante como a mais afiada espada. Não tenho mais por que tême-lo, senhor Iceberg! O que Senhor pode fazer a mim? Congelar-me?? Congele-me então, Senhor Iceberg! Eu posso aceitá-lo, Senhor! Aceitar toda a sua dimensão e todo o seu frio. Você me têm, não é mesmo? Pois faça o que quiser!

Nada é constante, senhor Iceberg, e mesmo as montanhas se movem! Você também não o é! Você derreterá quando vier à tona. Você se perderá no meio do oceano e, com suas moléculas tão separadas, não mais existirá. Não carregará mais o seu frio intenso. Você será apenas água! Porque na verdade, você não me tem, assim como não o tenho. Nós somos ambos criações e ambos iremos desfazer-nos.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

A respeito de um verbo

Vinha sentindo uns comichões depois de algum tempo sem escrever. Não posso dizer que tenha me faltado assunto. Algumas idéias fixas assaltaram-me à noite, no meio do sono, ou em outras horas impróprias, que são as horas em que a inspiração gosta de bater à porta. Eu poderia tê-la feito entrar, recebendo-a com entusiasmo. Mas preferi reprimir essas idéias todas, em prol de uma causa outra.

Agora que detive-me para deitar ao papel algumas palavras, deparei-me com um vazio desorientador. Sobre que poderia falar? Deus? O homem? Amor? Paixão? Ou quem sabe discorrer sobre a forma correta para se levar uma vida bacana? Considerei que já havia demais afirmação espalhada por todos os espaços de manifestação humana. Eram tantos discursos, tantas idéias, batendo-se elas todas sem qualquer comunicação. Não, eu não iria lançar mais uma verdade fenomenal, mas falar de algo menos grave. E se não há lá outro assunto leve e interessante, por que não pode o escritor falar sobre o verbo cuja ação dá origem ao seu ofício?

Venho fazendo terapia com as palavras. Ao passar para o papel as dores, dúvidas e inquietações, experimento a sensação da criação, pura e nobre, que se não suprime aqueles outros sentimentos, ao menos alivia ou compensa.

Há ainda outro ponto interessante. À medida em que a vida vai se esvaindo nesse plano, ao ser transplantada para o papel vai sendo recriada nos sujeitos e predicados. O que se perde aqui se acrescenta ali. É como ir tirando as moedas de um saco para pô-las num outro. Assim, quando a dose for suficiente e sentir-me saciado da vida, resta-me ainda como saldo um saco de moedas. E agora me ocorreu usar um adjetivo talvez um tanto inapropriado para as moedas, mas seriam fresquinhas.