Se me fosse dado fazer um pedido, não pediria muito.
Reconheço as coisas que não podem ser mudadas. E por mais que bata
o pé e esperneie, ao final nada mais resta senão aceitá-las.
Aceito a estrada infinita, ainda que bastante
esburacada, mas pediria que o motor fosse resistente; há muito para
percorrer. Não me importo com o desconforto dos solavancos. Contanto
que minha condução os suporte, que eles sejam muitos. Utilizarei
os dias e as noites. Embora o cansaço sim, o sono não simpatiza
comigo e aceito o seu distanciamento. Mas peço que o coração seja
forte, robusto, que o motor não superaqueça, e que não falte o ar
para refrigerá-lo.
Se me deres estas coisas essenciais, mesmo com muitos
arranhões, andarei até perder-me de vista. Não verei mais estas
paisagens que hoje vejo e quem sabe verei outras, inimagináveis.
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